quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Solidão

Passeio pelo meu quarto um tanto preocupado
penso nos meus problemas
estou mesmo amargurado
a casa, os móveis, os retratos
todos estraçalhados.Rasgados.
As baratas estão roendo os quadros, os emblemas,
tudo que ganhei um dia
virando nada e nostalgia
súplicas, vertigem dentro de mim
chamas vindas do inferno não me deixam dormir
ratos, baratas, grilos, homens...todos fazem orquestra
e eu aqui: rasgando-me, destruindo-me, sonhando-me...
acho que sou morador do invisível
do inaudível
meus gritos ecoam, mas ninguém os ouve.
Somente eu vejo, contemplo todos os meus horrores
ah! Eu nasci pra penar, amargurar...
pergunto para Deus: onde estão os meus amores?
mas meu quarto é só sangue, frieza, sordidez e tremores
e na cozinha, na sala, nos quadros: as baratas, os ratos
as traças roubam meus cânticos fúnebres
e aumentam minha noite de solidão.

Outras recordações

Sementes,resquícios do ontem
Sinto medo
Vivo o que passou
Choro,uma imensidão de águas
molham-me os lábios
Sinto gosto do sal:é fel escorrendo sobre mim
não lembro do hoje
Vivo o que passou
Me arrepio,sinto frio,calafrio...
Desejos de vociferar tenho.
Não o faço.É noite.
Os inimigos vizinhos irão ouvir
Furos de faca dentro do meu peito
Suicídio de minh'alma
não temo esquecer o passado
Um problema há:não sei.
A casa traz-me a mente
Os sonhos rodeiam meu sono
o pesadelo dos vizinhos...
tudo separa-me do hoje,
e revive o limo de outrora.